Ciências Humanas

O perfil dos professores que atuam na disciplina de filosofia no pólo de Alta Floresta, realizado no 1º semestre de 2010
Apresentação e Discussão dos dados apresentados na pesquisa
Este trabalho resulta de pesquisa realizada a partir de entrevistas com 22 professores de 25 escolas públicas de ensino médio no pólo de Alta Floresta, no primeiro semestre de 2010. A pesquisa pretendeu captar elementos do perfil do professor deste nível de ensino, identificando possíveis aproximações com o conhecimento já produzido sobre a disciplina. Apresenta uma visão panorâmica da realidade acadêmica e profissional dos professores que atuam na disciplina de Filosofia. Esta pesquisa,  aborda questões relacionadas à identificação do professor e da unidade escolar,formação acadêmica, situação funcional, experiência funcional na disciplina e formação continuada e sugestões de eixos temáticos para estudos.
 O interesse pelos estudos sobre formação de professores tem aumentado consideravelmente nos últimos anos. As pesquisas na área percorrem um amplo espectro temático, incluindo, desde contribuições de natureza mais teórica, àquelas orientadas para a produção de conhecimento empírico sobre as diferentes faces do ser professor.  O incremento de estudos e publicações tem sido motivado por fatores de diversas ordens. De um lado, num contexto propício a reformas educacionais, tende a se configurar um reconhecimento da importância dos professores por parte do Estado. De outro, há um visível e crescente interesse entre educadores e suas organizações no âmbito da sociedade civil organizada por melhor compreender o universo do magistério.
Em inventário acerca da pesquisa sobre a formação de professores, Marcelo (1998) mostra a abrangência das investigações em torno do tema, tendência confirmada por Nunes (2001). Desperta atenção estudos sobre vidas de professores (Nóvoa, 1995), competências de professores (Perrenoud, 1999 e 2000), bons professores (Cunha, 1997), mal estar docente (Esteve, 1999 e Codo, 1999), enfim, o mundo do professor é desvelado sob diferentes enfoques e visões teórico-metodológicas.
Analisando a produção do conhecimento neste campo, André (1999) constata que temas como formação inicial; formação continuada; identidade e profissionalização docente (p. 85), assim como as práticas pedagógicas, têm sido priorizados por  pesquisadores na década de noventa (1990-1998).  Por outro lado, são ainda pouco investigados temas como a formação política do professor, suas condições de trabalho, formas de associação profissional, questões salariais e de carreira (p. 92).
 Em sintonia com toda uma retórica de valorização do professor, emergente, sobretudo, a partir do advento da legislação recente – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB - Lei nº 9394/96) e Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (FUNDEF – Lei nº 9424/96) – são concebidos programas de formação inicial e continuada visando seu desenvolvimento profissional. Ao mesmo tempo, e contraditoriamente, aguçam-se as formas de proletarização do trabalho docente, como têm observado diversos estudiosos da questão (Gatti, 1997; Gatti et al, 1998; Nóvoa, 1998 e Codo, 1999) e mesmo dados do próprio Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB) brasileiro (BRASIL. MEC. INEP 1999).
 É neste campo, impregnado por um discurso de mudança, que se situa a presente pesquisa. A  intenção é coletar  aspectos relativos à formação acadêmica deste professores do ensino médio que atuam na disciplina de Filosofia. Segue-se a análise dos principais dados coletados na pesquisa via questionário elaborado e enviado às escolas estaduais do pólo de Alta Floresta, que oferecem o Ensino Médio.


Qual o seu sexo?
Por meio desta pergunta foi possível verificar que o universo dos entrevistados era composto mais por professores do gênero feminino do que  masculino, conforme o gráfico abaixo.

As informações básicas de identificação reafirmam algumas características conhecidas sobre os profissionais da educação. A maioria dos professores entrevistados pertence ao sexo feminino (64%). O fato dos homens representarem apenas 36% da amostra é algo que merece ser destacado, posto que o magistério é uma profissão compreendida como majoritariamente feminina.
Estudos recentes, todavia, vêm captando um movimento progressivo e gradual de entrada de homens na carreira docente, a exemplo da pesquisa realizada por Batista e Codo (1999), que revelou um aumento gradual e significativo da participação de homens na profissão. Isto levou os investigadores a constatarem que estamos hoje em face de um processo gradual de desfeminização da atividade docente (p. 61).
A presença feminina é significativa, sobretudo, em se tratando do ensino fundamental, onde historicamente foi sendo construída a idéia de que as habilidades necessárias aos professores envolvem principalmente aspectos relacionados ao cuidar.  Porém, a presença feminina se estende em toda a educação básica, inclusive no ensino médio e ensino superior.
Quanto a situação funcional, os dados não apresentam novidades, haja vista que o número de contratos temporários anualmente esteja na casa dos 70% no interior do Estado de Mt. O gráfico abaixo revela esta situação nitidamente.

O que nos preocupa é a impossibilidade de se construir  a Identidade da Filosofia nesta etapa da educação básica, considerando a alta rotatividade dos professor que lecionam esta disciplina. Tal rotatividade se dá, por entendermos a não efetivação do professor na unidade escolar e ou na rede estadual. O professor em situação como esta ( contrato temporário) não nos garante continuidade do trabalho na mesma unidade escolar e nem por via de regra, estar com a mesma disciplina do ano anterior.
Esta assertiva pode ainda ser confirmada por outras quatro questões apontadas na pesquisa: uma relacionada à formação acadêmica e tempo de docência na unidade escolar e outras relacionadas ao tempo de atuação na disciplina pesquisada e total de aulas atribuídas na referida disciplina.
Diga-se de passagem, que a realização do concurso público no ano em curso e o resultado publicado em 2011 não mudam o panorama desta pesquisa. Segundo os dados oficiais do concurso, apenas um professor tem sido aprovado e chamado na disciplina em evidência até o momento.
Perguntado sobre  a formação acadêmica inicial dos professores que atuam na disciplina de Filosofia no pólo de Alta Floresta-Mt, os dados apontam :

Pensar em construir a identidade da Filosofia passa necessariamente entre outros fatores, pela presença e atuação de um profissional graduado na disciplina. Assim, o documento Orientações Curriculares para o Ensino Médio: Ciências Humanas e suas Tecnologias ( MEC, 2006, pg.16-17) assegura: “ A afirmação da obrigatoriedade, inclusive na forma da lei, torna-se essencial para qualquer debate interdisciplinar, no qual a Filosofia nada teria a dizer, não fora também ela tratada como disciplina, ou seja, como conjunto particular de conteúdos e técnicas, todos eles amparados em uma história rica e problematizadora de temas essenciais e que, por conseguinte, exige formação profissional específica, só podendo estar a cargo de profissionais da área. Caso contrário,ela se tornaria uma vulgarização perigosa de boas intenções que só pode produzir péssimos resultados”.
De acordo com os dados observados no gráfico acima,  68% dos pesquisados tem formação acadêmica em nível de graduação nas disciplinas de Pedagogia e Letras. 12% tem graduação em Biologia e outras graduações não especificadas. Apenas 20% tem graduação na área de Ciências  Humanas: Filosofia e ou História ).
Em relação ao tempo ao tempo de docência na unidade escolar, a pesquisa aponta outro agravante, como mostra o gráfico abaixo.

Verifica-se  que a reflexão feita no quesito situação funcional revelada no segundo gráfico, confirma a rotatividade ao observarmos o tempo que o professor permanece na unidade escolar. 60% fica em torno de o a 3 anos. Números não apontados aqui mostraram que neste universo dos três anos, uma quantidade razoável respondeu estar na escola pouca mais de 06 meses a um ano e meio.

O gráfico acima mostra detalhadamente o que afirmamos em tese, que a identidade da Filosofia não se constrói dentro da lógica de rotatividade de professores e nem sem formação específica mínima. Pior ainda, se for atribuída estas aulas  apenas pelo critério de “preenchimento” da carga horária. Observa-se que 80% dos professores entrevistados, atuam na disciplina num tempo de 0 a 3 anos.
No tocante ao nº de aulas atribuídas a estes profissionais o gráfico abaixo mostra que:

Os dados apontados no gráfico acima sugerem uma pergunta: Por que o professor “pegou esta disciplina para lecionar? Será a disciplina de Filosofia um componente curricular obrigatório para preencher carga horária dos professores? Qual o sentido da Filosofia na e para escola?
Estas e outras perguntas nos orientam a pensar e por em prática um plano de trabalho que sirva de ponta de partida para discutirmos com  maturidade e ética a presença da disciplina de Filosofia nas escolas de ensino médio no interior do estado, de modo específico, no pólo de Alta floresta. Ainda porque, tal pesquisa nos deu um pequeno direcionamento, mas muito importante por três razões:
Primeiro porque dos que responderam a pesquisa, 88% querem formação continuada específica na disciplina, como mostra o gráfico a seguir. Segundo, porque os mesmos participam de formação continuada via “sala de professor. E terceiro lugar tem-se  via “Orientações Curriculares da Educação Básica do Estado de Mato grosso, eixos articuladores para serem debatidos, estudados e colocados em prática nas escolas Estaduais deste estado.
      Além disso, há os  temas sugeridos pelos entrevistados, que fossem objetos de estudos nas formações continuadas oferecidas pelo CEFAPRO, por intermédio do formador responsável.


Veja o gráfico abaixo.

Todos estes temas, estão de acordo com o Documentos Orientações Curriculares da Educação básica de Mato Grosso ( Ciências Humanas/Filosofia).

BIBLIOGRAFIA

ANDRÉ, M. (1999). A pesquisa sobre formação de professores no Brasil – 1990-1998. In: Ensinar e aprender: sujeitos, saberes e pesquisa. Encontro Nacional de Didática e Prática de Ensino. Rio de Janeiro: DP&A, p. 83-114.

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______ (1996). Lei n.º 9394, de 1996 – Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

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WEBER, S. (1996) O professorado e o papel da educação na sociedade. Campinas: Papirus.

Consulta a portais na Internet

Professor: Carlos Alberto Cardoso.



O Ensino de Filosofia na Perspectiva das Orientações Curriculares da Educação Básica de Mato Grosso
Professor Formador: Carlos Alberto Cardoso
Filosofia
“Filosofar é adentrar no reino das palavras e dos conceitos. É      enxergar diferente com sabedoria e inteligência, o que aos olhos ingênuos se esvazia de profundidade”. Prof. Carlos

O QUE É ÁREA DE CONHECIMENTO?
Uma área de conhecimento caracteriza-se por reunir disciplinas que possuem em comum: princípios, conceitos, modelos interpretativos e explicativos sobre certos aspectos do mundo. Esses, ao se constituírem como focos de interesse e análise, transformam-se em objetos de estudo.
 As investigações em torno dos objetos de estudo de uma mesma área resultam numa rede de saberes e de tecnologias que se tangenciam ora por conceitos, ora por procedimentos, ora por seus produtos, permitindo, assim, organizá-los a partir de distinções e classificações comuns que transitam de uma disciplina para outra.
QUAL É A PROPOSTA DE ORGANIZAÇÃO DO CURRICULO?
Optou-se pela organização curricular em áreas de conhecimento, nesta perspectiva, pretende-se que cada campo do saber adquira dinamicidade e articulação, tanto entre suas disciplinas quanto entre as próprias áreas, possibilitando maior flexibilidade, pontos de interesse e metas comuns no que diz respeito à construção do conhecimento pelo estudante.
Desta forma, tem-se por objetivo, promover a prática interdisciplinar do currículo, sem, contudo negar o valor dos conteúdos disciplinares.
Afinal, o que é interdisciplinaridade?
A interdisciplinaridade na organização curricular justifica-se duplamente: de um lado, a partir de seus aspectos epistemológicos - ao reunir objetos de estudo, paradigmas e problemas afins, favorecendo seu tratamento conjunto; e, de outro, pedagogicamente - por potencializar as condições para o ensino e para o aprendizado solicitados nas diversas disciplinas; bem como facilitar, através dessa integração, a discussão acerca da produção e utilização das tecnologias geradas a partir das ciências.
Desta forma, INTERDISCIPLINARIDADE é Ação, é interação entre duas ou mais disciplinas no exame de um mesmo e único objeto. ( GUSDORF), É  cooperação de uma disciplina com outra, produzindo uma síntese de conhecimento a partir de diferentes focos.
Tanto a Multidisciplinaridade quanto a Pluridisciplinaridade são justaposição de disciplina, mas sem nenhuma cooperação entre elas e não integra-se conceitualmente. Além disso, não implica e nem resulta em uma síntese de conhecimento. Cada qual fala por si.

A FILOSOFIA TERÁ UM TRATAMENTO ISOLADO NO CURRICULO?
NÃO. Trata-se, portanto, de conhecê-la à parte sem perder o horizonte das relações e interseções que nela estão subjacentes, sejam elas teóricas ou práticas.
Daí a importância de se propor procedimentos que enfatizem a participação ativa do estudante no seu próprio processo de aprendizagem, oferecendo-lhes meios  de produzir significados a partir de uma íntima conexão entre o objeto de ensino ( conteúdos ou eixos articuladores ) e a vida.,
Isto significa  dizer que o ponto de partida do professor é sempre o estudante e suas experiências e não o conteúdo em si mesmo. Porém, devemos ter o cuidado de não vulgarizarmos este ensino e ficarmos apenas no achismo e /ou no espontaneismo dos alunos. Orienta-se que a História da Filosofia, os Filósofos e/ou a tradição filosófica seja sempre tomada como REFERENCIAL e nunca como conteúdo.



SUGESTÕES DE EIXOS PARA SER TRABALHADO NA PERSPECTIVA INTERDISCIPLINAR.
Observação: São sugestões de eixos.
Os eixos não seguem uma linearidade, estes servem apenas como demonstrativo. Tal sistematização não é uma orientação fechada, mas aberta para modificações na escola, que mediante sua proposta pedagógica, pode utilizá-lo como referência, considerando o que melhor se coadune com a formação de seus estudantes e de suas regiões em suas particularidades pedagógicas (escolas do campo, urbanas, quilombolas, indígenas, Centros de EJA, dentre outros).
 De acordo com as especificidades da unidade escolar, os professores e a gestão escolar podem definir outros eixos articuladores, que contemplem as disciplinas integradas na área das Ciências Humanas e suas Tecnologias.



QUAIS SÃO OS EIXOS ARTICULADORES PROPOSTOS?

1-    FRONTEIRA                
2-    2- IDENTIDADE                         
            3- CONHECIMENTO
4- ESTÉTICA                 
5- AMBIENTE            
6-  PRODUÇÃO     
7-CIDADANIA

A FILOSOFIA COMO DISCIPLINA FORMADORA :
A Melhor justificativa para a inserção da Filosofia na matriz curricular da escola básica está naquilo que é próprio do seu caráter formativo: por sua pluralidade e sua radicalidade no tratamento dos mais diversos objetos de estudo.
A Filosofia nos proporciona um campo amplo de reflexões e formas de abordagem sobre aspectos do pensamento e da ação (questões éticas, políticas, científicas, religiosas, estéticas, entre outros), impelindo-nos a refletir sobre nossa própria forma de pensar e de agir.
Com seu modo de investigação radical, a Filosofia convida o estudante a pensar não só sobre os temas da tradição filosófica, mas também sobre os objetos de estudo e problemas presentes em outras áreas de conhecimento, atingindo, dessa maneira, o cerne das questões fundamentais que impulsionaram os conhecimentos e as culturas.
Sendo assim, objetivo e a legitimidade da Filosofia na matriz curricular se fazem necessário por seu caráter formativo específico: seu modo de argumentação e de investigação colabora para gerar comportamentos reflexivos sobre a existência humana nas suas questões mais essenciais e sobre nossas atividades e atitudes.
O QUE E COMO ENSINAR? “Deve-se ensinar a filosofar”( Immanuel Kant).
. Sem perder de vista tais preocupações, sugerimos o deslocamento da ênfase apenas no conteúdo para a ênfase também nos procedimentos da Filosofia.
QUAIS SÃO OS PROCEDIMENTOS ESPECÍFICOS? OU ESPECIFICIDADES PRÓPRIAS DO SABER FILOSÓFICO?
Ø  Segundo o Documento Orientações Curriculares para o ensino Médio ( filosofia) ...cabe então especificamente á Filosofia a capacidade de análise, de reconstrução racional e crítica. (Doc.pg. 26).
·         A atividade filosófica tem de específico a tentativa de compreender o fundamento de uma questão, idéia, tema, conceito através de um encadeamento rigoroso de argumentos.
·         Sistematização de idéias;
·         Formulação de problemas;
·         Construção de conceitos;
·         Estruturar o discurso oral e escrito;
·         Confrontar e contextualizar posições;
·         Ler filosoficamente.
·         Argumentar sobre afirmações e objeções.
·         Posicionar-se filosoficamente diante de tais afirmações e objeções.
·         Lembre-se: A atitude de “ pedir razões” ( logo labein ) isto é , de perguntar, de problematizar, é a atitude filosófica por excelência.
·          Enquanto o domínio de conceitos nos permite saber precisamente do que se fala, a argumentação determina até que ponto aquilo que se diz, pode ser considerado verdadeiro. Com isto, queremos dizer que conceito e argumentação é o cerne da atividade filosófica.


Observação:
            Ler filosoficamente consiste em: Vasculhar pressupostos; Investigar e Avaliar proposições apresentadas; Buscar sentido, explicações coerentes; Articular os conhecimentos dados com outros conhecimentos; posicionar criticamente.  No âmbito filosófico posicionar criticamente significa:
Ter capacidade de formular perguntas e fazer comentários justificados na razão de ser  das coisas, dos fatos ou na razão de não ser;
Apresentar as contradições e incoerências do pensar, do falar e do agir;
Apresentar um contra argumento com consistência e rigor metódico. Isto, não fazer oposição RASA.
Para pensarmos o ensino da Filosofia, precisamos ter sempre em mente, numa ponta, as finalidades pretendidas com este ensino, e na outra, as especificidades próprias do saber filosófico. Ao optarmos por uma determinada metodologia de trabalho em sala de aula devemos, portanto, manter-nos atentos a esses dois aspectos que envolvem o ensino e o aprendizado.

QUAL A FINALIDADE DA FILOSOFIA?
Levar o aluno a desenvolver Capacidades de : Investigar; Contextualizar; \refletir criticamente sobre os conhecimentos; Construir significados; Agir eticamente; Articular conhecimentos, Argumentar ( tomar posicionamento ) e Ter atitudes.
Segundo Celso Favaretto cada vez mais se percebe que há um sentimento de que o que falta mesmo é o sentido; o que falta mesmo é uma significação que poderia sustentar as experiências das pessoas e, principalmente, suprir aquele buraco que advém da perda do ideal de transcendência. Por este viés, a finalidade da filosofia se assenta na busca de possibilidade de resgate do sentido a vida das pessoas, à aquilo que elas fazem. Ou melhor, dar significado ao fazer humano que está em constante busca de realização.
Para Lidia Maria Rodrigo, a finalidade da filosofia no ensino médio é inserir o aluno numa forma específica de saber, o saber filosófico mediado pela Reflexão.
Possibilitar o desenvolvimento da autonomia do aluno por meio de procedimentos filosóficos.




CUIDADOS NECESSÁRIOS COM O ENSINO DE FILOSOFIA:

1-    Quanto às abordagens que priorizam a apresentação cronológica da História da Filosofia, é preciso cuidado para não torná-la um saber enciclopédico que deve ser memorizado e utilizado como lustro erudito.
2-    Um perigoso equívoco a ser evitado consiste em tomar o ensino da Filosofia como instrumento ideológico, político ou religioso, ou ainda, como mecanismo de implementação de normas morais e comportamentos de civilidade.
3-    Outro equívoco a ser enfrentado refere-se às abordagens que tomam como fonte para a eleição dos conteúdos, as manifestações espontâneas dos estudantes ou os assuntos circunstanciais e tidos como urgentes, desprezando-se, em ambos os casos, o prévio planejamento.
4-    Por outro lado, o avesso dessa situação pode ser encontrado no enfoque do ensino da Filosofia fortemente alicerçado no tratamento acadêmico da Filosofia.
PARA EVITAR TAIS EQUIVOCOS, SUGERIMOS:

1-    A tradição filosófica através do texto de Filosofia. Com o adequado conhecimento dos temas, dos problemas e dos procedimentos da Filosofia por parte do professor, variados recortes didáticos podem ser efetuados sem ferir as finalidades almejadas, bem como as próprias especificidades do saber filosófico.
2-    Manter uma tripla articulação entre os conteúdos e procedimentos da filosofia, as capacidades intelectuais e as experiências culturais vividas pelo estudante.
3-    Cabe ao professor realizar esta tarefa através de textos, exposições e problematizações, insistindo, sobretudo, na compreensão e interpretação do texto filosófico (na matéria e na forma do texto) e na articulação entre a prática e a teoria, criando, assim, mediações entre os procedimentos e conhecimentos filosóficos e a experiência do estudante.
4-    Partir da experiência do estudante: seus valores, afetos, argumentações podem indicar a entrada nos temas filosóficos (sem, contudo, cair no recurso das manifestações espontâneas e casuais).
5-    Ancorar o ensino da filosofia na História da Filosofia, utilizando-a como referencial para a entrada nos eixos articuladores (sem fixar-se na memorização, na doutrinação ou no isolamento do conteúdo de Filosofia).
6-    Valorizar os procedimentos (a sistematização das ideias, a formulação de conceitos, a estrutura do discurso, a busca dos sentidos das palavras, ou seja, o modo e o repertório da linguagem filosófica) que levam à compreensão do texto filosófico, à investigação filosófica e ao diálogo filosófico: detectar pressupostos, construir e estruturar argumentos, confrontar posições, conceitos, noções, fundamentar argumentos.
7-    . Valorizar a obra filosófica e a leitura filosófica. O texto de Filosofia indica e delimita o contexto das questões a serem trabalhadas e a interface possível com as demais áreas de conhecimento.

DUAS OBSERVAÇÕES IMPORTANTES:
·         Apenas ler um texto de Filosofia não implica numa leitura filosófica, como também é possível ler filosoficamente textos que não são de Filosofia. A leitura filosófica é aquela que vasculha por pressupostos e fundamentos, que investiga e avalia as proposições apresentadas, que busca pelo sentido e pela articulação dos argumentos e das palavras.
·         O enfoque crítico que se espera do contato com a Filosofia só tem chance de se desenvolver à medida em que os requisitos da investigação filosófica progridem e se fortalecem: criticar filosoficamente é ter capacidade de construir perguntas e de fazer comentários justificados, explorando posições e apresentando contradições de maneira pertinente, articulada e rigorosa.
Para finalizar, apresentamos as seguintes características de uma INVESTIGAÇÂO FILOSÓFICA:
O que é Investigar? É buscar elaborar critérios para que algo possa ser considerado adequado, válido, verdadeiro. Colocar em dúvida nossas crenças consiste em se perguntar pela validade das razões que as sustentam.
Investigar filosoficamente é deixar-se interrogar pelo objeto, pela idéia, pelo conceito. Tal investigação caracteriza-se pela produção de significações e pelo respeito a coerência interna( eliminação de contradições entre os conceitos ).
Adotar atitude filosófica ( distanciar do objeto em discussão para entender e compreender seu significado em relação às outras coisas).
Refletir ( significa voltar atrás, ou seja, repensar, prestar atenção, analisar cuidadosamente).
Refletir criticamente. Isto é, fazer uma leitura analítica visando o confronto de proposições, interpretações com o intuito de buscar sua validade e verdade.
Duvidar. O pensamento é movido por processos de dúvidas e crença. A ponte que leva de um extremo a outro é a INVESTIGAÇÃO.

O que e como fazer uma leitura filosófica?

Ler e entender;
Entender não é falar como o autor ( imitar), mas falar do que o autor escreveu.
Entender ainda é, sobretudo traduzir o texto com clareza, precisão. Explicitar e contextualizar o que foi dito.
Para entender um texto é preciso no mínimo ser atencioso na leitura; conhecer os códigos da língua; ter os pressupostos necessários do ponto de vista filosófico; escapar da superficialidade, da ingenuidade e da trivialidade ( do óbvio, aquilo que todo mundo vê); refletir sobre ele, dialogar com ele, transcendê- lo sem abandoná- lo.

PARA REFLETIR UM POUCO MAIS:
“Não existe uma didática da Filosofia, uma didática da História, uma didática da Matemática. A didática de cada disciplina é construída e muda com cada mestre e com cada discípulo”. ( GIULIO  SFORFA ).
A natureza específica da atividade filosófica é a REFLEXÃO.
“A incapacidade do homem de fazer uso de seu entendimento sem a direção, sem o auxílio de outra pessoa, chama-se MENORIDADE do Homem. ( KANT, 2005 ).
“Entre todas as ciências racionais ( a priori ) só é possível aprender a matemática, mas nunca a Filosofia ( a não ser historicamente): quanto ao que respeita a razão, apenas pode, no  mínimo filosofar”. “É dentro deste contexto que o Filósofo Kant disse a frase: ““ Não se pode aprender filosofia, mas apenas aprender a filosofar”.
“Filosofia é a arte de  construir conceitos” ( DELEUZE ).
“ Não há filosofia sem conceito”. ( FRÉDERIC COSSUTTA, 2001 ).
“É impossível falar em ensino de Filosofia em qualquer nível escolar, sem enfrentar a difícil questão do conceito filosófico.
“Filosofar é adentrar no reino das palavras e dos conceitos. É enxergar diferente com sabedoria e inteligência, o que aos olhos dos ingênuos se esvazia de profundidade”. (Prof. Carlos. ).
O ensino de filosofia no nível médio , do ponto de vista didático deve criar condições para que o aluno desenvolva sua capacidade de argumentação. Aí está a necessidade de recorrer aos textos filosóficos nas aulas de filosofia.
O grande desafio do ensino de filosofia é encontrar formas de explicar para o aluno a relação que existe entre o conceito abstrato e o mundo concreto. Ele não consegue fazer  essa mediação sozinho, precisa de você, Professor.
O que é Conceito? É um objeto do pensamento...uma representação mental que se caracteriza por ser abstrata e universal.
Segundo Merleau-Ponty, História da Filosofia e Filosofia são inseparáveis. O mais autodidata dos filósofos não pode furtar a Sócrates, Platão, Descartes, Kant entre outros, para filosofar.
“Só sei que nada sei”....Conhece-te a ti mesmo. ( Sócrates ).
“Filosofia é a arte de pensar o pensado, enquanto pensado”. (Prof. Carlos )
“ Nada caracteriza melhor o homem, do o fato de pensar” ( Aristóteles ).
“Cogito Ergo, Sun”. ( René Descartes ).
“ Saber é Poder”. ( Francis Bacon ).

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