Fobia escolar é doença desconhecida por muitos professores

Fonte: RDNEWS
O aumento da violência escolar, a insegurança e as incertezas de nossa época estão levando muitos professores a sofrerem de fobias, depressão e distúrbios psicossomáticos e pedir sua aposentadoria precocemente. Quanto mais violenta se torna à vida urbana, mais cresce a taxa de doentes psíquicos de fobia, de síndrome do pânico, ou mesmo de psicose paranóica. Neste artigo, discorro um pouco sobre fobia escolar que, muitas vezes, é confundida por muitos colegas como cansaço ou depressão.

Ultimamente tem sido comum encontrarmos muitos professores, após anos de dedicação no exercício de sua profissão, chorando, tremendo, sentindo medo difuso, pavor, ansiedade e, principalmente, bloqueio ao dar suas aulas. Esses sintomas não podem ser vistos como um simples cansado. Deixe de lado a famosa frase de alguns diretores “vá pra casa descanse um pouco e amanhã estará novinho(a) em folha”. Obedeçam essa ordem pela metade no sentido de não ficar no local de trabalho e procure urgentemente ajuda médica, pois não é algo tão simples assim.

A ansiedade devido à fobia escolar irá aumentar toda vez que o profissional tiver que ir para o seu local de trabalho, pois inconscientemente ele começará a criar determinados tipos de resistência. Assim, é comum ouvirmos do doente a seguinte frase: “vou fazer qualquer coisa, menos dar aulas”. Mas o que é feito com esse profissional que se “recusa” a trabalhar naquilo em que se formou e praticamente dedicou parte de sua vida?

Algumas secretarias de educação que têm respeito pelo funcionário sugerem que o profissional mude de função distante da escola. Mas, infelizmente, há alguns chefes do setor público e privado que tomam atitudes desumanas (que veem o funcionário como se fossem “um papel higiênico” que só serve quando é útil, quando não; é jogado fora). Pressionam o funcionário a cumprir normalmente as tarefas, sendo constrangido apesar da doença inibí-lo. Vale ressaltar que isso pode ser considerado assédio moral no trabalho (é quando um superior pressiona, sem tréguas, o subalterno, criando um clima de sofrimento psíquico, cujos sintomas são estresse, depressão, fobia, síndrome do pânico, distúrbios psicossomáticos etc.). Quero chamar a atenção para muitos colegas de trabalho que, devido a exaustiva rotina, acabam esquecendo de prestar atenção em si mesmos, vendo tudo o que sente como resultado natural do trabalho que exercem.

É preocupante, pois um professor que se vê obrigado a conviver com tal clima de terror, muitas vezes pode até pensar em suicídio, pedir demissão ou aposentadoria precoce para se livrar da situação. Além disso, muitos confundem a fobia escolar com depressão ou ainda acham que ela nem exista. Só lembrando: são doenças diferentes. A fobia escolar é marcada por ataques de angústias. É um pavor diante de uma situação que não se sabe porque provoca tal reação. A fobia escolar não é ter medo da escola, mas sentir angústia de algo nela existente, como se algo estivesse para acontecer, mas a pessoa não sabe identificar onde está o perigo. O primeiro problema que o profissional que tem a fobia escolar enfrenta, segundo especialistas, é a ignorância, principalmente dos colegas de trabalho, e também a falta de informação e preparo de profissionais na área da educação e da saúde.

O professor que tem fobia escolar normalmente é chamado de preguiçoso, negligente, não tem domínio de sala, por isso não querem trabalhar, porque infelizmente há “professores “ (se é que merecem ser chamados assim - “a parte podre da categoria”) que, atualmente, tem se aproveitado da situação (não estando doentes) para pedir afastamento da escola por não suportar os seus alunos indisciplinados, vandalismo nas escolas, ameaças... e pais que querem que nós professores, além de educadores, exerçam também a função de pai e mãe. Contudo, volto a repetir que o pior inimigo do doente de fobia escolar é a ignorância, incompreensão, falta de respeito e até mesmo de amor ao próximo. A burocracia e os interesses de lucro fazem dos seus agentes cegos em compreender a subjetividade do trabalhador que não é uma máquina que liga e desliga.

Infelizmente, na maioria das instituições públicas e privadas de nossas cidades, não existem diretrizes ou planos de prevenção para sanar os transtornos psicológicos causados pela fobia escolar que afeta o trabalho do profissional. Esperamos que nossos governantes comecem a pensar mais nos trabalhadores e a elaborar planos para amenizar a situação. Assim, teriam menos gastos com dinheiro público.

Rosângela Fernandes Cadidé é professora há 10 anos das redes pública e particular, formada em Letras com Especialização em Recreação e Lazer pela Universidade Federação de MT, coordena o Centro de Estudos às Forças Armadas e escreve neste blog às sextas - rosangelacadide@hotmail.com

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