Escritora critica silêncio da literatura após 11/09 na Flip
Kamila Shamsie, radicada em Londres, participou de uma mesa de debates nessa quinta (7)
Foto: Walter Craveiro/Divulgação
Claudia Andrade
Direto de Paraty
A paquistanesa Kamila Shamsie, radicada em Londres, criticou nesta quinta-feira (7) o que considera um silêncio dos escritores norte-americanos sobre o mundo pós 11 de setembro. Ela participou de uma mesa de debates com Caryl Phillips, nascido no estado caribenho de São Cristóvão, criado na Inglaterra e que atualmente vive nos Estados Unidos.
"Os livros sobre o tema falam sobre o 11 de setembro e terminam no próprio dia 11 de setembro. Não estou dizendo que não deveriam ter sido escritos, mas, dez anos depois, não tivemos ainda uma ficção literária sobre a guerra contra o terror, sobre (a prisão de) Guantánamo, sobre como aquilo tudo pode acontecer e se tornar algo dominante no governo dos Estados Unidos sem uma reação do povo", disse Shamsie.
Para Phillips, "há um silêncio viável" na literatura norte-americana sobre a política dos EUA depois dos ataques ao World Trade Center. Ele disse que os jovens não protestam porque não há conhecimento sobre o que ocorre. "O governo foi inteligente para fingir que nada está acontecendo". Sobre a posição dos autores disse "concordar que o silêncio é desconcertante".
Religião
Ao responder a uma pergunta da plateia sobre qual o papel da religião em seu trabalho, Shamsie lembrou que a maioria da população paquistanesa é mulçumana e disse que é comum ter de falar sobre isso. A escritora disse que nunca escreveu sobre um suicida ou um terrorista: "é preciso mostrar os muçulmanos de outra forma. Talvez um dia eu escreva sobre um homem-bomba, se isso fizer sentido para a história".
O único dos cinco livros da escritora nascida em Karachi que foi traduzido para o português é Sombras marcadas. A obra entrelaça a história de duas famílias atravessando eventos que marcaram o século XX: as bombas atômicas lançadas sobre o Japão, em 1945, e os atentados contra as torres gêmeas.
Foto: Walter Craveiro/Divulgação
Claudia Andrade
Direto de Paraty
A paquistanesa Kamila Shamsie, radicada em Londres, criticou nesta quinta-feira (7) o que considera um silêncio dos escritores norte-americanos sobre o mundo pós 11 de setembro. Ela participou de uma mesa de debates com Caryl Phillips, nascido no estado caribenho de São Cristóvão, criado na Inglaterra e que atualmente vive nos Estados Unidos.
"Os livros sobre o tema falam sobre o 11 de setembro e terminam no próprio dia 11 de setembro. Não estou dizendo que não deveriam ter sido escritos, mas, dez anos depois, não tivemos ainda uma ficção literária sobre a guerra contra o terror, sobre (a prisão de) Guantánamo, sobre como aquilo tudo pode acontecer e se tornar algo dominante no governo dos Estados Unidos sem uma reação do povo", disse Shamsie.
Para Phillips, "há um silêncio viável" na literatura norte-americana sobre a política dos EUA depois dos ataques ao World Trade Center. Ele disse que os jovens não protestam porque não há conhecimento sobre o que ocorre. "O governo foi inteligente para fingir que nada está acontecendo". Sobre a posição dos autores disse "concordar que o silêncio é desconcertante".
Religião
Ao responder a uma pergunta da plateia sobre qual o papel da religião em seu trabalho, Shamsie lembrou que a maioria da população paquistanesa é mulçumana e disse que é comum ter de falar sobre isso. A escritora disse que nunca escreveu sobre um suicida ou um terrorista: "é preciso mostrar os muçulmanos de outra forma. Talvez um dia eu escreva sobre um homem-bomba, se isso fizer sentido para a história".
O único dos cinco livros da escritora nascida em Karachi que foi traduzido para o português é Sombras marcadas. A obra entrelaça a história de duas famílias atravessando eventos que marcaram o século XX: as bombas atômicas lançadas sobre o Japão, em 1945, e os atentados contra as torres gêmeas.
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